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6 autores negros para se trabalhar em sala de aula

autores negros

Olá professor, olá professora. Certamente você já se perguntou como é possível trabalhar a educação para as relações étnico raciais em sala de aula. Este é um desafio a ser enfrentado cotidianamente, uma vez que nossa matriz de pensamento pedagógico é euro centrada. Inserir outras perspectivas de construção narrativa e trazer novas possibilidades aos alunos, por vezes, pode parecer distante. Decidimos compartilhar com vocês algumas possibilidades de autores negros para que possam conhecer mais e levar seus textos para a sala de aula.

Biografias por Danilo Moreira | Gênio Criador Editora

1 – Machado de Assis

Um dos maiores nomes da literatura brasileira era negro, porém essa característica foi ocultada durante anos, Machado de Assim era representado como homem branco, principalmente em propagandas e matérias de jornais. Foi autodidata de origem humilde, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1808) nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro (RJ), e começou sua carreira publicando sonetos e folhetins em jornais cariocas, e além dos títulos famosos, também publicou diversos contos, poemas, peças de teatro e crônicas. Publicou seu primeiro livro em 1864, uma coletânea de poemas chamado Crisálidas. Já seu primeiro romance foi Ressurreição, lançado em 1872. Machado escreveu mais de 50 obras, como os famigerados títulos Memórias póstumas de Brás Cubas (1881, considerado o início do Realismo no Brasil), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Juntamente com o escritor José Veríssimo, fundou a Academia Brasileira de Letras, ocupando a presidência da instituição até o ano de sua morte. Machado também exerceu atividades em cargos públicos, como o Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas.

2 – Carolina Maria de Jesus

Nascida em Sacramento (MG), Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977) foi moradora da Favela do Canindé, em São Paulo (SP). Foi para a capital paulista no período que as comunidades começavam a se expandir com mais frequência na cidade. Como a maioria das pessoas de sua época e classe social, cursou apenas as primeiras séries do Ensino Básico, mas costumava utilizar diários para registrar diversos detalhes sobre o seu cotidiano difícil, marcado pela miséria, entre outras dificuldades enfrentadas por uma mulher negra, pobre e mãe daquela época. Em 1958 o jornalista Audálio Dantas foi à favela do Canindé escrever uma matéria sobre o local, que se expandia próximo ao Rio Tietê. O jornalista se encantou com a história de Carolina e publicou parte do material em 1958 em um jornal do grupo Folha de S. Paulo e em 1959 na revista O Cruzeiro, inclusive com uma versão em espanhol. Essas publicações projetaram Carolina como escritora, e em 1960, a autora lançou sua obra mais conhecida, Quarto de despejo, que contém parte dos relatos registrados em mais de 20 cadernos que possuía em casa. Atualmente, a obra já foi traduzida para 14 idiomas e vendida em mais de 40 países. Carolina publicou outros livros, como Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de fome (1963) e Provérbios (1963). A autora também possui duas obras póstumas, como Diário da Bitita (1982) e Meu estranho diário (1996). Hoje é considerada uma das principais escritoras negras do Brasil.

3 – Maria Firmina dos Reis

Nascida em São Luís do Maranhão, Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917) é um exemplo de mulheres negras guerreiras que romperam barreiras, encararam estereótipos e enfrentaram preconceitos do seu tempo. Aos 22 anos, foi aprovada em um concurso público para trabalhar como professora na cadeira de instrução primária, sendo a primeira docente concursada do Estado. Pelas mãos de Maria também nasceu o que é considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro e escrito por uma mulher negra brasileira, chamado Úrsula (1859). No auge da campanha pela abolição da escravatura, em 1887, a autora publicou A escrava, expondo sua postura antiescravista e revelando os horrores da escravidão. Outras obras publicadas foram Parnaso Maranhense (1861) e Cantos à beira-mar (1871), além de escrever poemas e artigos críticos para jornais maranhenses, e composições musicais como Hino à Libertação dos Escravos. Quando se aposentou da docência em 1880, fundou uma escola mista e gratuita no povoado de Maçaricó, em Guimarães (MA). O fato foi um escândalo para uma época em que meninos e meninas estudavam em locais separados, o que obrigou a docente a fechá-lo três anos depois. Morreu em 1917 em uma casa simples, pobre e com deficiência visual. Sua obra tornou-se esquecida por alguns anos, mas, felizmente, pesquisadores conseguiram resgatar a sua importância e divulgar os seus trabalhos.

4 – Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa (1861 – 1898) era escritor e dono de um incrível repertório de conhecimento multidisciplinar. Nasceu em Florianópolis (SC) e também era conhecido como Dante Negro ou Cisne Negro. Filho de escravos alforriados, recebeu a tutela e uma educação erudita do marechal Guilherme Xavier de Sousa, seu ex-senhor e de quem inclusive adotou seu último sobrenome. Apaixonado por Letras, o autor começa a publicar seus versos em jornais provincianos em 1877 e fundou o jornal literário Colombo em 1881, em parceria com os escritores Virgílio Várzea e Santos Lostada. Estreou oficialmente na literatura em 1885, com o livro Tropas e fantasias, com coautoria Virgílio Várzea. Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881 e, dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público da cidade de Laguna (SC), mas políticos locais não permitiram que exercesse o cargo pelo fato de ser negro. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1890 e trabalhou como arquivista na Central do Brasil. Cruz e Sousa imprimia em suas obras a musicalidade, individualismo, espiritualismo, obsessão pela cor branca e pessimismo influenciado por dramas pessoais como a perda prematura de seus quatro filhos com Tuberculose, e a doença mental de sua esposa, a poetisa Gavita Gonçalves, em decorrência dessas tragédias. Após lançar obras inspiradas no Parnasianismo, a partir de Broquéis (1893), rompe com esta escola literária e introduz o Simbolismo no Brasil. Outros livros de sua autoria são: Missal (1893) e Evocações (1898). Infelizmente, a doença que levou seus filhos também o vitimou em 1898, aos 36 anos, quando morava na cidade de Sítio (MG). Seus trabalhos ganharam grande reconhecimento postumamente, e foram reunidos em livros como Faróis (1900), Últimos sonetos (1905), Outras evocações (1961), O livro derradeiro (1961) e Dispersos (1961).

5 – Conceição Evaristo

A escritora mineira nasceu em 1946, em uma favela na zona sul de Belo Horizonte. Trabalhou como empregada doméstica e completou seus estudos secundários aos 25 anos. Mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ) e passou em um concurso público para o magistério. Graduou-se em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é mestra em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e atualmente é professora universitária na UFMG. Estreou sua carreira literária em 1990 com obras publicadas na antologia Cadernos Negros. Seu romance de estreia é Ponciá Vicêncio (2003) que foi traduzido para o inglês e publicado nos Estados Unidos cinco anos depois. Com obras que abordam a questão da discriminação racial, o preconceito e as diferenças de gênero e classe, também lançou outros trabalhos como o livro Poemas da recordação e outros movimentos (2008) e Insubmissas lágrimas de mulheres (2011). Conceição é militante do movimento negro e participa em diversos eventos relacionados.

6 – Fátima Trinchão

Nascida em Salvador, Fátima Trinchão formou-se em Letras na Universidade Católica de Salvador. Sua estreia na Literatura foi com a publicação do poema Contemplação de uma vida (1978), no Jornal A Tarde. Participou da antologia Hagorah (1984), da antologia Versos e Contos (2010), Versatilavra (2010), além de colaborar com três números da antologia Cadernos Negros com contos e poemas. No texto em prosa, publicou Contos, crônicas e artigos (2009) e Ecos do passado (2010). Suas obras focam em questões sociais relacionadas aos afrodescendentes, além de se inspirar em fatos vividos pelos povos africanos e descendentes brasileiros.

Sugerimos que esses e outros autores negros sejam lidos em sala de aula para os alunos e com os alunos. Dar visibilidade e destaque aos autores negros é valorizar a história e cultura negra.

Nos escreva contando quais autores negros você conhece e utiliza em sala de aula.

Assessoria para Educação das Relações Étnico Raciais – ERER

e-mail: etnicoracial@aprendebrasil.com.br

Se tiverem alguma dúvida ou consideração, podem contar conosco.

Abraços

Altemir, Rafael e Kátia

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